História
O “Plano Piloto para a Nova
Capital” de Lúcio Costa trouxe o registro da primeira proposta de localização
para o Jardim Botânico e o Jardim Zoológico de Brasília. Como suporte à
implantação do Parque Zoobotânico, em 1961, foi criada a Fundação Zoobotânica do
Distrito Federal (FZDF).
O projeto ficou estagnado de 1961
até 1967, quando a Terracap iniciou os serviços de terraplanagem da “Estrada do
Roteiro”, conforme o anteprojeto da Burle Marx Arquitetos Paisagistas, visando
à implantação do Parque Zoobotânico.
Em 1969, foi elaborado o Plano
Diretor do Parque Zoobotânico. Este documento orientou a implantação daquele
que se tornou o Jardim Zoológico de Brasília, importante ponto turístico da
Capital.
Comissão
Em 1976, formou-se uma Comissão
para estudar e propor a criação do Jardim Botânico de Brasília – JBB. O
relatório da comissão foi entregue em 18 de maio de 1977, com a conclusão de
que, ao contrário do Projeto de Lúcio Costa, o melhor local para abrigar o
Jardim Botânico de Brasília seria a Estação Florestal Cabeça de Veado (EFCV),
administrada pela FZDF, situada no Setor de Mansões Dom Bosco do Lago Sul, em
terras pertencentes à Terracap, com área de 526 ha.
Segundo a comissão, a área
apresentava vegetação característica, com várias fitofisionomias do Cerrado,
abrigava infraestrutura necessária para dar o suporte necessário ao núcleo
inicial – como luz, telefone – e ainda registrava elementos fundamentais para a
implantação de um Jardim Botânico, como a abundância de água, pela presença do
Córrego Cabeça de Veado, a topografia ideal e distância razoável do centro de
Brasília.
No local funcionava uma Estação
de Experimentação Florestal, com Pinus e Eucalyptus, onde atuavam pesquisadores
do IBDF e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Havia,
ainda, um viveiro de produção de mudas. A Comissão enfatizou a importância de
se preservar ao máximo a vegetação típica da área, bem como a necessidade do
plantio de espécies representativas do Cerrado existentes em outros Estados
brasileiros.
Ponto de partida
Segundo relatos da época,
Brasília abrigava um dos um melhores jardins zoológicos do país e tanto a
população como a imprensa clamavam por um Jardim Botânico. A obra era uma das
últimas previstas no Plano Piloto de Lúcio Costa e ainda não havia sido
implantada.
A chegada de uma bióloga no
quadro funcional da Fundação Zoobotânica do Distrito Federal, Cilúlia Maria
Rodrigues de Freitas Maury era o que faltava para dar partida à empreitada. Com
a assessoria do corpo técnico do Jardim Botânico do Rio de Janeiro e a presença
do ecólogo Pedro Carlos de Orleans e Bragança, as condições para a criação do
“Jardim Botânico do Cerrado” estavam estabelecidas. O Jardim Botânico de
Brasília foi o primeiro Jardim Botânico do mundo com objetivos claros de conservação
in situ de recursos genéticos.
Com a finalidade de examinar os
trabalhos já realizados e propor as medidas necessárias para a definitiva
implantação do JBB, uma nova comissão foi instituída e ratificou o relatório
anterior, confirmando a área da EFCV como a sede do futuro JBB.
Em 1984, o ecólogo Pedro Carlos
de Orleans e Bragança foi nomeado chefe do Jardim Botânico de Brasília e
assumiu a coordenação dos trabalhos para sua implantação.
O Jardim Botânico do Rio de
Janeiro apresentou o relatório “Potencial de Uso Público e Estudos
Arquitetônicos do Jardim Botânico de Brasília”. Nele está contido o projeto
arquitetônico, o programa de uso público e o projeto paisagístico elaborado por
sua equipe.
Um ponto comum desde o relatório
da Comissão de 1976 é que o JBB deveria ser a melhor referência de Jardim
Botânico do Cerrado. Por estar localizada na área do Bioma, Brasília deveria
ser um ponto de destaque, procurando estudar, divulgar e proteger o Cerrado,
com a missão de educar o público para sua valorização e proteção.
Vanguarda
As premissas para a orientação do
projeto do JBB foram de vanguarda. A história dos jardins botânicos no mundo
mostra que até então, eram instituições que procuravam, principalmente,
aclimatar as plantas de outros lugares, promovendo a conservação ex situ de
recursos genéticos vegetais. O Jardim Botânico do Rio de Janeiro, por exemplo,
iniciou suas atividades aclimatando espécies do Velho Mundo necessárias para
alimentação, tratamento de doenças, conservação de alimentos, fornecimento de
fibras para tecelagem, entre outras. Afinal, a terra era nova e os recursos
naturais ainda eram desconhecidos na época.
E assim, o JBB foi o primeiro
jardim botânico no mundo a manter coleções de plantas in situ, ou seja, no seu
ambiente, permitindo a manutenção de sistemas e processos naturais como a
melhor forma de conservação de recursos genéticos.
Anos depois, em 1989, o Botanical
Garden Conservation International (criado em 1987), lançou o livreto
“Estratégia de Conservação para os Jardins Botânicos”, cuja tradução foi
lançada no Brasil em 1990. Neste trabalho, esse órgão mundial define uma carta
de propósitos para os jardins botânicos, enfatizando que devem buscar espaços
para a conservação in situ.
Arquitetura ecológica
A concepção arquitetônica e
paisagística do JBB buscou compatibilizar a preservação dos recursos naturais e
dos aspectos cênicos às necessidades concretas de instalação de espaços de
trabalho e de lazer para funcionários e público visitante. O planejamento,
norteado pelos princípios da arquitetura ecológica, favoreceria o uso racional
do ambiente com o mínimo de impacto, aproveitando e maximizando os elementos
naturais e condições ambientais de forma que as edificações propostas não
fragmentassem a lógica e o ordenamento natural dos aspectos paisagísticos.
A análise da fotografia aérea de
5 de agosto de 1982, assim como dos relatórios de vegetação, flora e solos
subsidiou o planejamento da área de uso público. Buscou-se também o máximo
aproveitamento da estrutura já existente na Estação Florestal Cabeça de Veado,
tais como o viveiro de produção de mudas, escritórios, herbário, área de
experimentos florestais e acessos já existentes, de forma a concretizar sua
implantação efetiva a curto prazo e baixo custo, com o máximo de qualidade
técnica.
Projetou-se a construção de um
Mirante no ponto culminante do JBB, de onde é possível avistar sua área – que
mais tarde se tornou a Estação Ecológica do JBB -, assim como a cidade de
Brasília.
Inauguração
O JBB foi inaugurado no dia 8 de
março de 1985. O evento solene contou com a participação de autoridades como o
Governador do DF na época, José Ornellas de Souza Filho, o príncipe herdeiro da
coroa brasileira, D. Pedro Gastão de Orleans e Bragança, sua esposa, a princesa
Maria de La Esperanza de Bourbon e Orleans, e sua filha, a princesa D. Cristina
de Orleans e Bragança, além do Diretor do JBB, Pedro Carlos de Orleans e
Bragança, sua esposa, Patrícia de Orleans e Bragança e o diretor do Jardim
Bôtanico do Rio de Janeiro, Carlos Alberto Ribeiro De Xavier. O evento registrou
ainda a participação da ilustre botânica brasileira, pesquisadora do JBRJ,
Graziela Maciel Barroso.
Como parte da solenidade, houve o
lançamento de selo e envelope comemorativos pela Empresa Brasileira de Correios
e Telégrafos, ocorrido no Palácio do Buriti. O selo apresentava uma obra
específica de autoria do artista plástico Álvaro Martins: um ramo florido de
pequizeiro, a árvore-símbolo do JBB.
Fonte: JBB Jardim Botânico de Brasília
Fonte: JBB Jardim Botânico de Brasília