Pouca gente imagina, mas o Distrito Federal e o Centro-Oeste ocupam uma das posições mais estratégicas do país quando o assunto é água. É nessa região que nascem rios e córregos que alimentam algumas das maiores bacias hidrográficas da América do Sul, como a do Tocantins-Araguaia, do São Francisco e do Paraná. Por isso, o Cerrado é conhecido como o “berço das águas” — um título que revela a importância silenciosa desse bioma para o abastecimento de milhões de brasileiros.
No Distrito Federal, diversas nascentes brotam discretamente em meio à vegetação nativa, muitas delas dentro de parques e áreas de preservação. Locais como o Parque Nacional de Brasília, a Chapada Imperial, a Floresta Nacional e áreas da Chapada da Contagem abrigam cursos d’água que formam riachos, córregos e, mais adiante, rios fundamentais para a região. Essas nascentes dependem diretamente da vegetação do Cerrado, cujas raízes profundas funcionam como verdadeiras esponjas naturais, ajudando a infiltrar e armazenar a água da chuva no solo.
O crescimento urbano acelerado, no entanto, trouxe desafios importantes para a preservação desses recursos hídricos. A impermeabilização do solo, o desmatamento e a ocupação irregular colocam em risco nascentes que, muitas vezes, passam despercebidas no dia a dia da cidade. Preservar essas áreas não é apenas uma questão ambiental, mas também de segurança hídrica. A crise de abastecimento vivida no DF em anos recentes reforçou a necessidade de olhar para o Cerrado não como paisagem distante, mas como infraestrutura natural essencial à vida urbana.
Valorizar as nascentes do Centro-Oeste é reconhecer que a água que chega às torneiras começa muito antes dos reservatórios. Ela nasce no silêncio das matas, escorre por trilhas quase invisíveis e sustenta ecossistemas inteiros ao longo do caminho. Proteger esses lugares é garantir o futuro — não apenas da região, mas de grande parte do país. Afinal, cuidar do Cerrado é cuidar das águas que conectam o Brasil de ponta a ponta.
Alô Centro Oeste