O Cerrado é o coração silencioso do Brasil e, muitas vezes, o bioma que mais passa despercebido pelos visitantes de Brasília e do Centro-Oeste. Apesar de sua aparência aparentemente simples, ele é um dos ecossistemas mais ricos em biodiversidade do mundo e influencia diretamente o clima, a economia e a vida nas cidades do Planalto Central. É o chamado “berço das águas”, responsável por alimentar importantes bacias hidrográficas, e um dos fatores que ajudam a definir as longas estações secas e chuvosas típicas da região.
A relação entre o cerrado e o cotidiano dos moradores é profunda. A vegetação retorcida, as árvores de casca grossa e o solo vermelho influenciam desde a paisagem urbana até a arquitetura vernacular de vilas e cidades interioranas. Em Brasília, parques como o Parque Nacional, a Floresta Nacional e a Água Mineral mostram como o cerrado se mantém vivo dentro da capital, servindo de refúgio para caminhadas, observação de aves e uma conexão com a natureza que poucos imaginam encontrar tão perto de áreas urbanizadas.
A cultura regional também carrega traços marcantes desse bioma. Frutas como pequi, jatobá, cagaita, araticum, mangaba e baru ganharam espaço na gastronomia local e se transformaram em símbolos do sabor do Centro-Oeste. Pratos típicos, licores, geleias e até receitas contemporâneas reinterpretam esses ingredientes, criando uma culinária que mistura tradição e inovação. Cada fruto do cerrado guarda uma história, seja de sobrevivência — graças à resistência natural dessas plantas — ou de memória afetiva de populações tradicionais.
Por fim, o Cerrado também molda a relação dos moradores com o tempo e o clima. As tempestades de início de verão, os ventos fortes do Planalto, o ar extremamente seco de agosto e setembro e o perfume das primeiras chuvas fazem parte de um ciclo que acompanha a vida das pessoas ano após ano. É um bioma que ensina ritmo, resistência e renovação. E quando se observa com atenção, percebe-se que o Cerrado não é apenas cenário: é personagem principal da identidade do Centro-Oeste.
Alô Centro Oeste