O Cerrado é o segundo maior bioma da América do Sul e abriga cerca de 5% da biodiversidade do planeta, além de ser berço das principais bacias hidrográficas do Brasil. Mas esse tesouro natural, tão presente no Centro-Oeste, sofre há décadas com desmatamento, uso predatório da terra e expansão agropecuária sem critérios.
Felizmente, novas iniciativas sustentáveis e projetos inovadores vêm ganhando força na região — mostrando que é possível conciliar desenvolvimento econômico, conservação ambiental e valorização das comunidades tradicionais.
O que é o Cerrado Sustentável?
Trata-se de um conjunto de ações que envolvem:
- Produtos florestais não madeireiros (como sementes, frutos e óleos vegetais)
- Créditos de carbono e restauração de áreas degradadas
- Turismo de base comunitária e agroecologia
- Tecnologia e pesquisa aplicada à preservação
Empresas, ONGs, governos e povos tradicionais estão se unindo para transformar o modelo de exploração do Cerrado, e parte significativa dessas ações tem o Centro-Oeste como foco principal.
Exemplos de iniciativas sustentáveis no Cerrado
1. Projeto Cerrado Sustentável Brazil (Brasília/DF)
Coordenado por uma ONG com sede na capital, o Projeto Cerrado Sustentável Brazil desenvolve cadeias produtivas sustentáveis com plantas nativas do Cerrado. A proposta é gerar renda para comunidades locais por meio de:
- Cosméticos naturais (com óleo de baru, pequi e jatobá)
- Produtos alimentares orgânicos (farinha de jatobá, mel do Cerrado)
- Educação ambiental e capacitação técnica
📌 Destaque: Os produtos são certificados e valorizam a origem, respeitando o ciclo natural da vegetação nativa.
2. Créditos de carbono e restauração de pastagens degradadas
Com apoio do Banco Mundial e de investidores do setor de agroenergia, projetos no Cerrado brasileiro estão transformando áreas degradadas em corredores ecológicos, com impacto direto sobre o solo, clima e biodiversidade.
Entre as ações, estão:
- Uso de espécies nativas e sistemas agroflorestais para regenerar áreas
- Monitoramento por sensoriamento remoto e inteligência artificial
- Integração de lavoura, pecuária e floresta com baixa emissão de carbono
💡 Curiosidade: Segundo estudo do Fórum Econômico Mundial, iniciativas sustentáveis no Cerrado podem gerar até US$ 72 bilhões em valor econômico para o Brasil até 2030.
3. Povos indígenas e comunidades tradicionais como protagonistas
No Mato Grosso do Sul, comunidades indígenas vêm se destacando na produção de mel nativo, castanha de baru e óleo de jatobá, com foco em cadeias justas e manejo tradicional. Os produtos são vendidos em feiras, empórios sustentáveis e até exportados.
🛒 Exemplo: Cooperativas indígenas do MS, como a da etnia Terena, têm vendido mel orgânico e óleo de pequi para marcas de cosméticos e supermercados especializados.
🌍 Impacto social: Essas iniciativas reforçam a cultura ancestral e geram renda sem destruir o bioma.
Produtos do Cerrado que você pode apoiar (e consumir!)
- Castanha de baru: rica em proteína, antioxidantes e muito saborosa
- Farinha de jatobá: levemente doce, ótima para mingaus e pães
- Mel do Cerrado: mais escuro, aromático e produzido por abelhas nativas
- Óleo de pequi e óleo de buriti: usados em cosméticos e culinária
- Artesanato com sementes e fibras naturais
Ao consumir produtos do Cerrado sustentável, você apoia:
Turismo de base comunitária: outra forma de preservar
Além da produção, o Cerrado sustentável também é promovido por experiências turísticas responsáveis, como:
- Trilha com guias quilombolas em Cavalcante (GO)
- Hospedagens em agroflorestas no entorno do DF
- Vivências com coleta de frutos e produção de mel em MS e MT
Essas experiências ajudam a educar o visitante e valorizar o território, contribuindo diretamente com a conservação ambiental.
O futuro do Cerrado depende de escolhas conscientes
Preservar o Cerrado não significa parar de produzir — significa produzir com responsabilidade. O Centro-Oeste pode (e deve) liderar essa nova fase do desenvolvimento brasileiro, unindo tradição, ciência e tecnologia a favor da vida.
Apoiar o Cerrado sustentável é também apoiar a si mesmo: nosso clima, nossa comida, nossa água e nosso futuro passam por ele.