6 lendas da região centro-oeste

A região Centro-Oeste possui lendas que refletem a natureza local, como os grandes rios, as matas e a fauna.

Seres que protegem as águas ou casas destruídas por conta da cobiça dos moradores são algumas das histórias que circulam pela região, que é formada por Mato-Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás.

Conheça essas lendas e saiba mais sobre o rico folclore brasileiro!

1. Lenda da Mãe-do-Ouro

A Mãe-do-Ouro é um ser mítico que vive nas regiões das minas de ouro no coração do sertão brasileiro.

Ela é uma bela mulher que protege as jazidas do metal e tesouros escondidos, a fim de que eles não sejam encontrados por pessoas erradas. Também guarda as esposas maltratadas pelos seus maridos e qualquer um que sofra injustiça.

Conta-se que um negro escravizado, cujo senhor era malvado, chorou amargamente no dia que não achou nenhuma pepita de ouro. A Mãe-do-Ouro se compadeceu dele e acabou indicando um local onde ele poderia extrair uma grande quantidade do metal. Em troca, ele não poderia revelar onde havia encontrado aquela riqueza.

Ao levar o ouro para o senhor, este ficou encantado e imediatamente exigiu que o escravo contasse onde estava todo aquele metal. Como ele recusasse, o senhor mandou açoitá-lo e diante do castigo, o negro revelou onde estava a mina de ouro.

Ao chegar ali, os escravos se puseram a cavar o chão. No entanto, ouviu-se um grande estrondo que parecia um terremoto. Um deslizamento de terra matou a todos que estavam ali, inclusive o senhor malvado.

2. Lenda do Arranca-Línguas

As matas e caminhos do sertão estão povoadas de criaturas assustadoras. São monstros e seres do outro mundo que andavam pelos campos quase sempre de noite.

Uma delas é o Arranca-Línguas, um ser que vive nas margens do rio Araguaia, que banha os estados de Goiás, Mato Grosso, Tocantins e Pará. Ele é uma criatura monstruosa, que parece um grande gorila e fica a espreita de suas vítimas que podem ser seres humanos, animais e todos aqueles que têm língua!

Para atrair suas vítimas ele usa um recurso bastante original. Dizem que ele se disfarça de árvore frondosa ou de tronco caído para que as pessoas possam se encostar e descansar.

Justamente quando o viajante cansado está repousando, tranquilo na beira do rio, ele o ataca, o mata e arranca sua língua.

3. Lenda da Casa das 365 Janelas

O comendador Joaquim era um dos homens mais ricos de Goiás no século XIX. Tinha tanto dinheiro que mandou fazer um belo casarão com 365 janelas, uma para cada dia do ano. Para construí-la, não olhou para gastos, empregou as madeiras mais finas, usou acabamentos em ouro e as lâmpadas eram feitas de um cristal puríssimo.

A casa tinha salões de reuniões, salão de baile, quartos, alcovas para os viajantes, cozinha, despensas e tudo mais que significava conforto naqueles tempos. Não havia morada mais bonita e todos os que passavam por aqueles campos se aproximavam para contemplá-la. A fama da mansão era tão grande que mesmo artistas que nunca a tinha visto faziam pinturas sobre ela.

Um belo dia, o comendador faleceu e não deixou herdeiros. Por isso, o povo entrou na casa, vasculhou todos os seus recantos em busca dos tesouros escondidos que o comendador tinha. Quem não conseguiu levar os copos dourados ou os macios lençóis, arrancou pedaços do piso de madeira e também as lindas janelas que eram a joia daquela construção.

Diz a lenda que vários pedaços da casa serviram para edificar outras em Goiás e, por isso, é possível ouvir os passos do Comendador pelas ruas buscando partes de sua antiga casa das 365 janelas.

4. Lenda do Minhocão do Pari

Todo pescador tem um caso para contar sobre suas pescarias. Geralmente, o peixe que escapou era o maior do mundo. No entanto, os pescadores também relatam histórias de criaturas que guardam zelosamente os habitantes das águas doces.

Os mais antigos contam que no rio Cuiabá havia uma criatura que parecia uma cobra que vigiava as águas. Era tão grande e forte que vários ribeirinhos, durante à noite, atravessaram o rio andando sobre suas costas, achando que era um tronco de árvore.

O bicho ficava furioso quando encontrava pescadores que capturavam peixes na época da reprodução e, por isso, virava as canoas daqueles que não respeitavam o momento da piracema.

A força do Minhocão do Pari era tão grande que os barrancos dos rios não continham o movimento das ondas. Daí que foram ficando cada vez mais larga. Hoje a criatura já não aparece mais para proteger os peixes e dizem que ela foi-se embora na grande enchente de 1974.

5. Lenda do Nego d'Água

A lenda do Nego d'Água aparece em várias localidades do Brasil que são banhadas por rios. Assim, quem vive às margens de rios, como o Caiapó, em Goiás, conhece este personagem, também chamado de Negrinho d'Água. Trata-se de um menino negro, careca, com mãos e pés de pato que mora nas profundezas do rio.

O Nego d'Água não gosta que zombem dele, nem que perturbem seus domínios. Protege os peixes cortando a linha das redes e retirando o anzol da boca daqueles que são capturados.

Portanto, alguns pescadores jogam um pouco de cachaça nas águas do rio para escapar de seu castigo. Outros têm sempre à mão um pouco de fumo para oferecer-lhe caso o encontrem. Como toda prudência é pouca, há pescadores que pintam estrelas no casco dos seus barcos a fim de confundirem o Nego d'Água.

Somente quando o Nego d'Água vê que há mulheres de pernas brancas dentro de uma embarcação ele muda a estratégia. Ele ronda os barco e faz de tudo para derrubá-lo e assim raptar alguma delas.

6. Lenda do Pé de Garrafa

O Pé de Garrafa é um homem que vive nas florestas, cujos pés têm formato de garrafa, o corpo é coberto de pelos, exceto o umbigo que é branco e é considerado o seu ponto fraco.

As suas pegadas são muito curiosas e não se parecem com as de nenhum animal. Por isso, mais de um caçador já teve a infelicidade de chegar perto do Pé de Garrafa.

A criatura anda pelas matas, emitindo um grito agudo e atraindo os caçadores para seus domínios. Estes não devem desafiar o Pé de Garrafa, pois o bicho costuma matá-los ou aprisionar a alma do infeliz numa garrafa.

A única maneira de escapar das suas garras é atingir em cheio o umbigo branco do monstro. Porém, por via das dúvidas, o melhor é fugir do Pé de Garrafa!


Fone: Toda Matéria - Juliana Bezerra  Professora de História